Após o crescimento acelerado, o mercado educacional entrou numa nova fase. O marco foi há três anos, com a abertura de capital da Anhanguera Educacional. Fusões e aquisições de faculdades se seguiram, formando grandes grupos educacionais. Hoje, essas corporações detêm 27,4% das vagas no país e a expectativa é que o percentual alcance 50% até 2015.
Exemplo dos novos tempos é a negociação que está em andamento -e deve ser anunciada nesta segunda-feira (8)- entre o grupo Kroton, um dos maiores do país com 43 mil alunos, e o Iuni, outro grupo gigante do setor, com 53 mil, por um valor estimado em R$ 600 milhões, o maior da história recente da educação no Brasil.
Com a compra do Iuni, dona da Universidade de Cuiabá, entre outras, o número de alunos do Kroton mais que dobrará e passará dos 90 mil estudantes, ficando em terceiro ou quarto lugar no ranking das maiores universidades do país, ao lado da Universidade Paulista (Unip), Universidade Estácio de Sá e Universidade Nove de Julho (Uninove).
“A negociação tem uma importância estratégica, porque o Kroton está comprando um grupo maior do que ele. Entramos numa etapa em que existe um novo tipo de relação nos papéis de fusão e aquisição. Em vez de ter um grupo grande comprando um pequeno, agora, a relação é entre grandes consolidadores”, avalia Carlos Monteiro, consultor em ensino superior.
Se hoje o setor privado detém 90% das matrículas no ensino superior, isso se deve à mudança na Lei de Diretrizes e Bases, em 1996, que permitiu a participação das privadas com fins lucrativos. Em 1996, eram 711 instituições particulares. Em três anos, já havia alcançado 1.097 e, em 2008, já somavam 2.252.
“No final dos anos 90, dizia-se que o melhor negócio no Brasil era ter uma faculdade bem administrada. E o segundo era ter uma faculdade mal administrada. Ou seja, de um jeito ou de outro se ganharia dinheiro. Mas isso durou uma década”, afirma Ryon Braga, presidente da Hoper Consultoria.
“O crescimento foi tanto que tornou o nível de competitividade insuportável.
"Depois, a demanda reprimida de potenciais estudantes esgotou-se, a concorrência aumentou muito e o valor médio das mensalidades caiu, espremendo a margem de lucro. As faculdades não viram outro caminho senão partir para um movimento de consolidação do mercado. Não tinha mais como crescer sozinho”, explica ao comentar o processo de aquisições e fusões.
Segundo Braga, o setor público não tem como cobrir a demanda. “O número de vagas em instituições públicas aumentou de 276 mil para 330 mil em oito anos. Agora, chegou ao limite. O custo médio de um aluno numa universidade pública é de R$ 27 mil, contra R$ 5 mil numa privada. A inclusão de estudantes no ensino superior acaba sendo feita pelas particulares”, avalia.
O aporte de fundos de investimentos tem sido outra maneira de o setor educacional se capitalizar. No último dia 22 de fevereiro, o Grupo Ibmec Educacional, formado pelas Faculdades Ibmec e Veris Faculdades, anunciou que recebeu R$ 130 milhões de um fundo administrado pelo Capital International, que passou a ter uma posição minoritária na sociedade. O dinheiro será usado para ampliação de dois campi do Ibmec e a construção de outro, além do aumento da oferta de cursos pela Veris.
“O investimento é um marco na nossa história, representa um passo grande, não só pelo valor. A nossa expectativa é, em quatro anos, dobrar o número de alunos, que hoje está em 18,5 mil”, afirma Eduardo Wurzmann, presidente do grupo.
A competitividade entre as instituições, porém, muitas vezes é vencida pelas baixas mensalidades. O corte de custos pode refletir na qualidade. Quase 30% dos cursos de instituições privadas avaliados no Enade 2008 tiveram conceitos 1 e 2, numa escala até 5.
“A questão da qualidade é muito importante. Todas as escolas estão sujeitas à avaliação do MEC. Só que a avaliação é um processo, que vai se graduando no correr do tempo”, afirma Gabriel Mário Rodrigues, presidente da Abmes, associação que reúne mantenedores de instituições privadas, e reitor da Anhembi Morumbi.
Dimitre Soares... o que falar deste icone do Direito, não só em sua especialidade como também em todos os ramos do Direito e porque não da Literatura, Arte, Cultura e Cinema também, não venho tercer comentários a respeito da matéria discutida, mas sim do Professor Dimitre, um cara altamente inteligente, indiscutivelmente discutível, incrivelmente incrível, espetacularmente espetacular, esse blog tem sido um canal, uma fonte de informações discutidas de uma forma inegavelmente culta, inteligente, me orgulho em seguir esse blog, pois aqui Dimitre Soares nos dá o prazer de dividir sua cultura, seu saber e suas experiências conosco. Professor Você é o cara!
ResponderExcluirOlá Prof. Dimitre!
ResponderExcluirOuvi dizer que a educação brasileira tem vivido transformações profundas desde a revolução informacional e tecnológica: novas diretrizes p/o ensino superior, inserção de setores sociais, cotas etc, etc... Em minha humilde opinião, a realidade aqui exposta é mais uma consequência da nossa dificuldade em ultrapassar o comodismo, limitando-nos ao saber estéril. Como pode a educação ser mais do que isso se o ensino não é utilizado para transformar e aprimorar a sociedade? Nem mesmo é ancorado na realidade sociocultural. Somos inutilmente informados, portanto, incapazes de evitar a perpetuação de injustiças e opressões mascaradas em estatísticas de desenvolvimento social.
Parabéns pela escolha do tema!