março 27, 2011

O bombardeio sexual da mídia nas novas gerações e o surgimento de "brunas surfistinhas" na sociedade brasileira

Durante esses anos de dedicação quase exclusiva ao Direito de Família, tanto na advocacia quanto na condição de professor, passei a achar que praticamente nada poderia me surpreender, principalmente pelo contato diuturno, na sala de aula e no escritório, com situações as mais estranhas e complexas envolvendo os ser humano, a formação da família e os limites da convivência interpessoal e do envolvimento afetivo.

Mas preciso confessar que, ao assistir recentemente o filme “Bruna Surfistinha – O doce veneno do escorpião” fiquei surpreso com a naturalidade com a qual Rachel Pacheco, provavelmente a ex-garota de programa mais famosa do Brasil, encarava a atividade de fazer sexo por dinheiro. Além de homens, ela “atendia” mulheres e casais que buscavam os “serviços” de Bruna Surfistinha, como quem procura um profissional liberal qualquer, como um médico, um advogado, um arquiteto, etc...

Sem nenhum tipo de conservadorismo, ou pieguice, terminei de assistir o filme pensando quais os valores que nossa sociedade tem repassado aos seus jovens, para que algumas “brunas surfistinhas” tenham despontado ao nosso redor. A banalização do sexo, a sexualização precoce das crianças, e o bombardeio constante de matérias e temas ligados à questão do sexo, parecem estar produzindo uma geração que lida com os encontros sexuais com um mecanicismo assustador, e com uma “prática esportiva” do ato sexual que simplifica ao máximo as causa e conseqüências dessas condutas.

Sempre vejo na programação da TV, temas e quadros voltados direta ou indiretamente para o sexo ainda no começo da noite. Essa “educação sexual” às avessas, parece-me, tem produzido “brunas sufistinhas” que, mesmo sendo uma menina de classe média (e portanto, que não precisava vender o próprio corpo para garantir a sobrevivência), decidiu ingressar na “carreira” (muitas vezes bem promissora) de garota de programa simplesmente por encarar a sexualidade como um apêndice da rotina liquefeita das relações pessoais nesse mundo que vivemos. E ao deparar com esses fatos, fico me perguntando qual será o futuro nesse sentido, quais serão os valores seguidos pelas novas gerações, o que os garotos e garotas de hoje pensam sobre formar uma família, sobre sexualidade e perspectivas afetivas...

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