Ontem, 28 de julho, é a data que marca a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, cangaceiro mais temido do nordeste brasileiro. O Cangaceirismo sempre foi um tema que me interessou bastante. Na época de faculdade, lembro ter lido mais de meia dúzia de livros sobre cangaceiros. “Pedra Bonita”, de José Lins do Rego, assim como “Cangaceiros”, do mesmo autor e “Coiteiros” de José Américo de Almeida são os que me lembro automaticamente acerca do assunto.
Há poucos dias estive em Piranhas – AL (divisa com Bahia e Sergipe), e pude visitar o museu do Cangaço. Foi bem próximo da pequena e histórica cidade à beira do São Francisco que Lampião foi morto por uma volante, em emboscada, e ainda não certificado historicamente, mas provavelmente por meio de traição.
Lampião é um dos principais símbolos do nordeste. É incrível como o homem sanguinário e bandoleiro tenha um lugar cativo no coração dos sertanejos, junto aos baluartes Padre Cícero Romão, Frei Damião de Bozano e Luiz Gonzaga. A força da cultura oral, passada de geração para geração, faz de Lampião e de seu bando de “cabras” uma lenda extremamente forte e presente nos caminhos de sertão e caatinga, na própria formação d povo nordestino.
Uma leitura mais acurada sobre o tema demonstra que Lampião não era somente um marginal assassino. Dentre outras manias, ele tinha o costume entrar em algumas cidades distribuindo moedas com crianças e dando fartas esmolas aos necessitados. Intitulava-se parte de uma “guerra” contra a injustiça social. Há, inclusive, uma entrevista concedida pelo cangaceiro em 1926 a um jornal de Juazeiro do Norte-CE (na ocasião em que Lampião foi ter com Padre Cícero, e recebeu o título de “Chefe de Forças Republicanas” para lutar contra a Coluna Prestes, naqueles então atravessando o nordeste para divulgar Brasil adentro ideais um tanto comunistas), em que ele tenta justificar seus saques com a finalidade de manter seu bando e ajudar os mais precisados. Por essa mesma razão, nas primeiras décadas do século passado, reportagem do New York Times chamou Lampião de “Robin Hood Nordestino”.
Em 1930, sua imagem foi atrelada a sua companheira até a morte, com nome sugestivo, cativante e lúdico, Maria Bonita até hoje conclama o ideal da mulher destemida e valente, sem que para isso seja necessário perder a beleza e a feminilidade.
A crueldade do sertão nordestino, aliado ao constante fenômeno da seca e ao latifúndio exploratório da mão-de-obra, fez florescer o fenômeno social do cangaço, tão importante no interior nordestino quanto o misticismo religioso de Antônio Conselheiro e seu reduto revolucionário de Canudos.
Em Piranhas – AL, foram expostas, na escadaria da Prefeitura, a cabeça de Lampião, Maria Bonita e mais nove homens de seu grupo, em foto célebre, que até hoje corre o mundo. Da morte, com a cabeça degolada, Lampião passou para a eternidade como lenda viva do nordestino, exemplo de resistência e bravura, enfrentamento e coragem.
Muito bom! Parabéns, Dimitre.
ResponderExcluirAbração.
Perfeito
ResponderExcluirvocê tem que conhecer o memorial da resistência em mossoró.
ResponderExcluirlá fala toda da história da brava resistência que mossoró impôs a lampião. e ressalve-se que a cideade estava entregue a própria sorte, visto que o governo da capital nao mandou ajuda a tempo.
se nao me engano , o nome do prefeito à época era Tenente Laurentino Gomes... foi ele quem comandou a resistência e entrou para a história. inclusive, existe uma cidade potiguar com o seu nome, em sua homenagem.
quanto ao fato de ele ser "adorado" , eu acredito que ele era mais "querido" no ceará e talvez em pernambuco. tanto é que quando ele fugiu de mossoró foi para limoeiro do norte, no ceará, e lá foi bem recebido pela população local.
aqui no rio grande do norte ele não erá muito querido não . particularmente, nao vejo ele muito além do que um bandido...
ademais, existe uma lenda que lampiao mais seu bando iria assaltar a cidade de caicó, mas ao passar próximo ao poço de santana ele vira a imagem desta santa e mudou de idéia.