A lógica é simples: ao ganhar menos, o homem deixa de ser o provedor da família. Assim, sua masculinidade vai para o ralo e ele se sente impotente. A saída, então, seria comprovar sua virilidade. “Na sociedade americana, a masculinidade é também definida naquele homem viril, que tem diversas parceiras sexuais”, explica Christin. Ironicamente, no entanto, quando o homem ganha muito mais do que sua mulher, ele também tende a trair. O motivo? “Esses homens ficam mais tempo no trabalho e têm mais oportunidades, além de ser um gasto que ele pode bancar e esconder”, diz.
Mas existem algumas variáveis importantes. Quando idade, nível de educação, crença religiosa e satisfação no relacionamento são levados em consideração, a relação entre o salário e a infidelidade desapareceram. Alguns homens podem trair ainda apenas porque estão infelizes, e não pelo salário baixo. Já para a mulher, receber menos do que o marido faz parte de seu status quo. “Para ela, não é vantajoso trair. Se ela for pega, sua qualidade de vida estará em risco”, completa a socióloga.
Há alguns anos a psicologia e a sociologia estudam a monogamia e seus diversos aspectos no emaranhado cultural do Ocidente. Alguns defendem que ela não passa de uma convenção cultural, outros, uma posição religiosa pré-estabelecida. De acordo com Rosa Maria Macedo, terapeuta de casal e coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade do Programa de Psicologia da PUC – SP, o homem ocidental é educado para a conquista, para se firmar na sociedade pelo seu lado viril e sexual. “Sexo é um dos primeiros assuntos que surgem em uma roda de amigos”, comenta. E isso acaba fazendo do ato sexual uma convenção, e, por que não, um esporte, a ser seguido. “Na grande maioria das vezes, o adultério não passa de uma aventura, que pode surgir da crença de que o macho tem o direito de conquistar a mulher considerada fácil.”Segundo Rosa, dezenas de pesquisas realizadas nas últimas décadas mostram que o homem faz uma distinção clara entre sexo e amor. Mas a traição pode ainda ser um mero mecanismo de defesa masculina para se valorizar. “A dupla moral permitiu ao homem levar uma vida fora de casa. Para a maioria deles, é quase uma rotina, eles não se sentem culpados.”
E os homens traem ao longo dos séculos por motivos os mais variados. Em seu livro Erotismo, Sexualidade, Casamento e Infidelidade, a psicóloga Ana Maria Fonseca Zampieri enumera uma dezena delas. Eles podem acontecer nos dois primeiros anos do casamento. “Talvez em função do chamado luto da paixão. É mais comum entre os homens”, relata. Ou depois de décadas de união, por conta da rotina, do fim do amor ou do distanciamento afetivo.
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