julho 23, 2010

Ortotanásia: vítima de paralisia, inglês pede na justiça o direito de morrer

Caros amigos, segue interessante texto do Blog do Mesquita (http://mesquita.blog.br/ortotonasia-vitima-de-paralisia-ingles-pede-na-justica-o-direito-de-morrer) enviado pelo querido amigo e professor Demétrius Leão. Acredito que o Brasil precisa entrar de cabeça nessa discussão.

Boa leitura a todos!


Um britânico que não consegue falar e ficou paralisado do pescoço para baixo depois de sofrer um derrame está lutando na Justiça pelo direito de morrer.


Tony Nicklinson, de 56 anos, deu entrada em um processo legal, pedindo ao diretor da promotoria pública que esclareça a lei sobre a chamada morte digna, quando um homicídio é cometido por motivos de compaixão, a pedido da vítima.

Nicklinson, de Chippenham, Wiltshire, quer que sua mulher seja autorizada a ajudá-lo a morrer sem o risco de ser processada por assassinato.

Ele se comunica piscando, ou apontando para letras em um quadro, com a cabeça.

Seus advogados afirmam que ele está “de saco cheio da vida” e não deseja passar os próximos 20 anos nas mesmas condições.

Segundo sua equipe de advogados, sua única forma legal de alcançar a morte é por inanição – recusando comida e bebida.

Sua mulher, Jane, disse que está preparada para ministrar uma dose letal de remédios, mas isso a deixaria vulnerável a um processo por assassinato.

Os advogados da família entraram com um pedido legal para que a promotoria esclareça se vai processar Jane, caso ela ajude o marido a morrer.

Nicklinson antes do derrame.Nicklinson antes do derrame. (Foto: PA)

Caso a resposta confirme o processo, os advogados deverão argumentar que a lei atual viola o direito à privacidade de Tony Nicklinson, segundo o artigo 8º da Convenção Européia de Direitos Humanos.

Energia

Jane Nicklinson afirma que o marido era cheio de energia antes de sofrer o derrame em 2005. Ela diz que ele pensou longamente e chegou à conclusão de que deseja morrer.

“Ele quer poder acabar com a própria vida no momento em que decidir”, disse ela à BBC.

“Ele quer apenas os mesmos direitos que qualquer um. Eu ou você podemos cometer suicídio, ele não. Esse direito foi retirado dele no dia em que ele sofreu o derrame.”

Em um depoimento de testemunha, Nicklinson declarou: “Sou um homem de 56 anos de idade que sofreu um derrame catastrófico em junho de 2005, durante uma viagem de negócios a Atenas, Grécia”.

“Fiquei paralisado do pescoço para baixo, sem poder falar. Preciso de ajuda em quase todos os aspectos da minha vida.”

“Não posso me coçar. Não posso assoar o nariz se ele estiver entupido e só posso comer quando me alimentam como a um bebê. Mas, ao contrário de um bebê, eu não vou evoluir.”

“Não me resta privacidade ou dignidade. Sou lavado, vestido e colocado na cama por enfermeiros que são, apesar de tudo, estranhos.”

“Estou de saco cheio da minha vida e não quero passar os próximos 20 anos, ou o que seja, assim. Sou grato pelos médicos que salvaram minha vida em Atenas? Não, não sou.”

“Se pudesse voltar no tempo, e soubesse o que sei agora, não teria chamado a ambulância e teria

deixado que a natureza seguisse seu curso.”

Orientação

Em fevereiro passado, a promotoria pública divulgou orientações sobre suicídio assistido na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte.

Enquanto ajudar um suicida permanece sendo crime, a orientação estabelece fatores atenuantes, como circunstâncias em que a vítima expressou claramente sua intenção de morrer e em que os que a ajudaram foram movidos somente por compaixão.

Mas a orientação não se estende à morte digna ou à eutanásia. Mesmo se a morte fosse consentida, levaria a acusações de assassinato culposo ou doloso na Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales, e a acusações de homicídio na Escócia.

Casos como esses acabam sendo decididos por um júri. Em janeiro, a britânica Kay Gilderdale foi inocentada da acusação de tentativa de assassinato depois de admitir ter ajudado a filha deficiente a morrer. Naquele caso, a filha, Lynn, havia tentado suicídio.



Um comentário:

  1. As vezes me pego pensando nesse assunto, devido aos riscos acidentais inerente as minha profissão ou mesmo as armadilhas da vida, sou bióloga e muitas vezes desenvolvo pesquisas que envolvem um certo risco de vida e quando exponho opinião sobre a morte assistida por vezes sou taxada de descrente em Deus, insensata e egoísta, posso parecer tudo isso, inclusive radical na defesa do assunto, mas não o sou, sou apenas a favor de VIVER A VIDA E FAZÊ-LA VALER APENA! E REALMENTE SOU A FAVOR DA MORTE ASSISTIDA!
    Pode parecer chocante, mas defendo que cada pessoa deve ter o livre arbítrio, inclusive para morrer ou viver, e quando falo, não reflito sobre as pessoas que vivem hoje o drama, mas sim, em mim no futuro, não sendo dramática, apenas não sei o que acontecerá comigo daqui há alguns anos mas, sei exatamente o que não quero: tudo que eu faço, o faço com muito amor, intensidade e sobretudo muita alegria, gosto de ser independente e quase não tenho mal humor, tenho uma vida linda apesar das muitas dificuldades (que me fazem sofrer, e com isso crescer) e se ocorrer tal fato comigo, ficar como um vegetal sendo cuidado por outros não me apetece, principalmente com toda a liberdade da qual desfruto atualmente, ficar parada me tornaria uma pessoa extremamente depressiva e infeliz!
    Muitos de meus amigos inclusive familiares dizem: “Queria ver se realmente acontecesse, se você tomaria essa decisão!”. Bem, isso é o que penso agora, e tentando evitar ser prolixa para os que não conseguirem me entender, opiniões são metamorfósicas de acordo com a evolução da história de vida de cada um, somente defendo que se vier a estar numa situação vegetativa (que Deus me abençoe sempre e que tal fato nunca ocorra), tenha o direito de escolher entre a “vida” e a morte!

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